quarta-feira, abril 25, 2007
quarta-feira, abril 11, 2007
Fim
Quanto preciosismo. Melancolia por colocar um ponto final em um código confuso e finalizar uma estrutura binária. É o que está acontecendo aqui. Esse diário há tempos passa longe de sua finalidade. O fato é que ele deveria ter sido encerrado há mais de um ano. No auge. "Você deve sair sempre quando as pessoas querem mais", foi assim que um amigo me ensinou. Desobedeci por muito, mas não para sempre. Portanto...
Mas simplificar tudo à uma combinação binária é injustiça e um simplismo que não me veste. Isso aqui abrigou alguns dos meus melhores e piores momentos. Dividiu madrugadas em São Paulo e Porto Alegre. Viu meus dedos consumirem dezenas de cigarros. Ouviu minha garganta dançando com goles gelados de álcool. E acima de tudo recebeu sinceros sentimentos. A maioria transcritos em letras escarlates. Just like honey...
Parece que foi outro dia que eu falei sobre quanto tempo me restava. E tudo passou tão depressa que apenas ontem eu me dei conta de como o mundo transformou-se. E como os limites foram prorrogados. Nada faz muito sentido se for analizado cuidadosamente. E que mal há nisso? Em um ano eu posso estar casado. Em cinco anos eu posso ser pai. Mas por hora fico com o concreto. Ainda sou o filho...
O fato é que, independente do que aconteça amanhã, hoje é hora de encerrar isso. E, pra variar, me acostumar a terminar o que foi começado. Não me despeço das memórias, apenas me privarei de revirá-las como se algo fosse mudar. Aqui não há espaço para reticências e o ponto final é definitivo, rigoroso e implacável. Aí vem ele.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Escolha um lado...
Será que um dia vai acabar de verdade? Todo planalto já foi cordilheira? A inspiração que ouço por aí realmente existe? Aquele blusão já pertenceu a alguém? Alguém conhece o sobrenome da culpa? James Wheeler tinha certeza quando banalizou o fim? Sentimentos simplesmente acabam? Qual a idade do céu? Quanto pesa o remorso? Dormir é descansar? Existe limite para qualquer coisa? Elvis está morto?
Em menos de sete minutos e trinta e dois segundos eu pensei em pelo menos duas dúzias de perguntas que poderia fazer caso trombasse com Deus por aí. Dá pra se viver uma vida num cigarro. Dá pra se driblar uma morte num copo de ácool.
Acho que perguntaria o que se leva para o lado de lá? É que já me falaram tanto que nada se leva. Mas se tudo fica aqui qual é a moral da história. Qual a mensagem quando a carne descer ou arder, e as letras subirem?
Quem está mais certo? O otimista ou o idiota? Me parece que a vantagem do idiota é que ele não precisa justificar suas idiotices. Quem eu quero ser: otimista ou idiota?
No fundo, isso é tão improvável quanto uma garota achar sexy músicas em contratempo. Que diabos. Por outro lado, quem disse que a vida não é uma tremenda improbabilidade idiota que o nosso otimismo idiota insiste em chamar de destino? Se você não entendeu é idiota. E quer saber? Sorte sua, idiota!
And look at you and me still here together
There is no one knows you better
And we’ve come such a long long way
Let’s put it off for one more day
sexta-feira, novembro 10, 2006
Life goes by so damn quickly
Now lookin back on the all the days gone by
I said "I wonder what it would be like if I'd never went away"
Well I see the world the way I do
The memories that brought me to
This place that I now call my home today
I wanna go there
And I'm not scared
Our time's just begun, oh yeah
Life goes by so damn quickly for me
Wanna have some fun
Life goes by so damn quickly for me
Wanna have some fun
quarta-feira, setembro 13, 2006
Blind
No segundo acorde do terceiro compasso eu a reconheci. Usei o controle para subir o volume. Nem me importei com o avançado da hora. Fodam-se os vizinhos. Minha cabeça fez leves movimentos tentando acompanhar. Brotaram lembranças antigas e recentes. E logo me deu a impressão que quanto mais velho eu fico mais os anos passam rápido. Parece que 99 foi há duas décadas.
"Are you ready?", perguntou o vocalista. "I'm not quite sure", respondi. Será que é esse o mistério do amadurecimento: tratar com desleixo as memórias mais importantes? É que tudo ainda parece tão real, presente e eterno. Não, eterno não. Quase tudo. Dia a dia eu reaprendo isso, e sempre acabo esquecendo.
Lembrei de Santos, rock, amigos, inimigos, garotas, parceiros, irmãos, álcool, praias, viagens, carros, lábios, sangue, céu, cocaína, páginas, Rio Claro, família, futebol, escola, gente escrota. Lembrei da previsão do meu irmão. Em 1996, disse que me viu 10 anos mais velho. Exatamente como sou hoje. Parecia tão improvável. Mas é exatamente assim que sou hoje. E por mais que isso não me agregue autoconhecimento, não dúvido de quem eu fui e quem eu sou. E nem quem eu quero ser.
"I can see, I can see I'm going blind". Davis anuncia pela ultima vez. É hora de deitar e esquecer tudo que não aprendi hoje. Quem sabe, o Sol desista de se levantar logo mais.