Apenas na memória
Certas coisas deveriam existir apenas na memória. A guitarra de Kramer já não é saborosa e rouca quanto antes. A atitude perdeu a rebeldia juvenil. A postura curvou-se à reumática realidade comercial. Os sucessos já não soam como há quarenta anos. Eu preferia que o MC5 tivesse ficado em minha lembrança apenas. E sem Mike Arm.
Assistir ao show foi como mostrar o enigmático retrato a Dorian. Algo morreu. Um ciclo se fechou. Mas novos sons e bandas virão. Como esperanças e amores que se renovam. Como um coração que se cura e subitamente se prepara para uma nova vida. Uma vida sem passado, traumas ou mágoas. Ainda que não esquecido, o MC5 permanecerá no meu passado apenas. Como a trilha sonora de algo que se foi.
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