Always remember: Elvis is dead, gravity kills and happiness sucks!

terça-feira, maio 16, 2006

Boa noite brasileiros...

Boa noite, brasileiros. Boa noite, gaúchos. Três meses longe do caos. Passam num piscar de olhos. Conteúdo não falta. Um milhão de coisas pra contar, considerar, ponderar, avaliar, analisar e revelar. E outro milhão a caminho do incinerador. No mais, tudo na ordem normal das coisas. O passado eu já devolvi a seu devido lugar.

Acho que sou vizinho da única praça que não é barra pesada à noite. Às vezes parece uma vila. Núcleos de pessoas ficam aqui até de madrugada. Uns fazendo churrasco, outros só no chimarrão. Tem uns hippies meio chatos que tocam violão. E tem os moleques com cara de rappers que fumam maconha. Tudo na maior paz. Sou vizinho de pelo menos uma meia dúzia de travestis, e outras tantas putas. Eles(as), entretanto, não ficam na praça. Sentam-se apenas na soleira do prédio que moram. Devem dividir um apartamento por lá. É o mesmo prédio em que moram uma velhinha de cadeira de rodas e uma meia dúzia de militares.


Tem um velhinho negro também que mora por aqui. Fica sempre na praça tomando conta de carros. Mora numa kombi que fica estacionada aqui em frente. Nunca mais me pediu cigarros porque acha Marlboro muito forte. Faz um bico também como lavador de carros. Pelo jeito é de confiança. Dia desses estava lavando um A3. Passei por ele quando estava terminando de passar uma flanela. Recolheu os produtos, acionou o alarme e trancou o carro. e ficou sentado esperando o dono do carro.

Um pouco mais pra frente tem os soldadinhos do CMS. Nunca tive problemas com eles, mas é a segunda vez que vejo eles brigando. De um lado eles ficam eles com cassetete na mão tentando impor respeito. De outro uns caras que acabaram de sair da Casa de Cultura e estão meio bêbados. Muitas ameaças, mas ninguém se encosta. Algo me diz que 1964 já acabou faz tempo.

Mais pra frente vem a Alfândega. As madrugadas por lá são mais complicadas. Vende-se de tudo. Durante o dia têm roupas, crédito, CDs, mel. De noite só drogas. Eu só queria comprar um pouco de sanidade, mas não achei. Contentei-me com poesia. Tem Quintana e Drummond conversando num banco da praça.

Seguindo pela Andradas, quase esquina com a Borges, tem a Livraria do Globo. Preços bons, ótimo acervo e vendedores que não ficam em cima. Ela está bem pra frente da Apostolado Litúrgico, a boutique dos padres. Na vitrine tem um bizarro manequim exibindo uma batina de gala. Nunca vi um padre parar para olhar essa loja.

Subindo pela Andradas, um pouco antes de chegar à Santa Casa, fica meu primeiro lugar predileto de Porto Alegre: o Café Paris. O cappuccino é espetacular. Os folhados e croissants também, mas fuja dos pães de queijo. No canto direito do pequeno salão têm uma mesinha encostada na janela. Dá pra ficar horas ali, lendo e observando o movimento do centro.

Antes de voltar pra casa, preciso te mostrar a Usina do Gasômetro. Fica a menos de uma quadra de casa. Lá dá pra ver o que falam do tal "pôr-do-sol no Guaíba". Se você gostar do que viu, sugiro voltar à Alfândega e contar pro Quintana e pro Drummond.

Agora eu preciso ir. A sanidade que eu encomendei já está me esperando lá em casa!