Does he ever get the girl?
Aquela madrugada tinha um sabor estranho para ele. Já havia sobrevivido a um milhão delas, mas aquela em especial parecia inofensiva. Não tinha medo dos sentimentos, e ele sustentava um estranho sorriso o tempo todo. Qualquer um que o tivesse visto perceberia um brilho diferente em seu olhar.
Ele vagava pelos andares do prédio sob o pretexto de encontrar o ângulo perfeito, a altura ideal, a luminosidade certa. Tudo para registrar a foto definitiva. Mas por mais que tentasse se concentrar, os eventos da noite anterior sempre roubavam o precioso espaço de seu pensamento, e novamente ele se via divagando sobre ela.
Desceu para um cigarro. O caminho que ele fez inúmeras vezes pensando nela pareceu estranhamente curto. Era como se desse passos mais longos. Como se isso fosse acelerar os ponteiros do relógio que ainda insistiam em marcar três horas da manhã. Enquanto fumava, achou graça de como estava se sentindo. "O pretenso pessimista está feliz. Vê se pode", murmurou.
De volta ao trabalho ele ainda tentou fazer mais algumas fotos. "Ela gostaria de ver essa aqui", pensou ao analisar o pouco que havia produzido. Sentou-se no chão frio e empoeirado do andar escuro e ficou um longo tempo observando o paisagem estática da janela. Foi só então que começou a entender o significado da noite anterior.
Levantou-se e foi para casa ouvindo os violinos do Suicide Machines tocando a melodia de "Rose Garden". Finalmente saberia o que responder quando Chris Carrabba lhe perguntasse: "does he ever get the girl?". Nunca sentira-se tão completo, e pela primeira vez em sua vida ele não teve medo da madrugada. Sabia que nunca mais se sentiria sozinho novamente.
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