Always remember: Elvis is dead, gravity kills and happiness sucks!

sábado, junho 04, 2005

Acho que não há nada a fazer

"Ontem ela me abraçou de uma forma como nunca havia feito antes". Ele me disse isso no estacionamento, mas eu só consegui pensar direito na frase horas depois. Não cheguei a uma conclusão definitiva. Talvez o abraço dela tenha sido uma forma de voltar ao passado, de retornar a um tempo em que tudo realmente parecia estar em paz. Não tenho como censurá-la. Tenho feito isso o tempo todo.

Não mudo um passo sequer em certos trajetos rotineiros, apenas para me lembrar de uma época em que isso significava vê-la. Atravesso a rua no mesmo trecho sempre. Fora da faixa, me arriscando entre um sinal vermelho e outro amarelo. Cruzo a frente do ponto de ônibus sempre contornando a árvore pela direita. Em outra determinada esquina pego um cigarro para acendê-lo 50 metros à frente.

E quando finalmente chego nos últimos 30 metros observo todos os carros estacionados. Sei que não vai estar lá, e por isso não fico tão triste. Mas quem sabe um dia ela esteja.

Eu realmente entendo o que Nikola quis dizer sobre "todo mundo estar feliz como se compartilhassem alguma coisa que eu não sinto há anos". Mas o resto ficou meio confuso pra mim. Não faz tanto sentido e parece exagerado até. Por isso não me atrevo a discutir com ele sobre isso, ainda. Preciso me aprofundar no assunto antes de arriscar um palpite. De certa forma, estou intimidado. Mas não influenciado.

Por outro lado, isso me fez descobrir que sei algo sobre frustração. Parece estupidez, mas é como eu me sinto em relação a Mick Jones. Queria sentir o que ele sentiu quando escreveu "Stay Free". Queria saber como foi o sorriso ao qual ele se refere. Mas no momento só consigo entender Joe Strummer e "Train in Vain". Principalmente quando ele diz que acha que não há mais nada a fazer...