Always remember: Elvis is dead, gravity kills and happiness sucks!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Procura-se


Por que super-heróis não existem de verdade? Será pelo mesmo motivo que não conseguimos viajar ao passado ou futuro. Ou nos teletransportarmos? Será que é apenas mais uma dessas coisas que simplesmente não existe "porque não"? Ou será porque não existem vítimas?

Pra consolar temos os santos que nada mais é do transformar em super-herói alguém que já morreu. Mas aí não adianta muito, né? Não dá pra realmente contar que a bala certeira desviou por conta de um cartãozinho colorido guardado na carteira, com uma oração impressa no verso.

Então o jeito é nomear os que ainda estão vivos. Mas estou cansado de tentarem me vender que o gari do aeroporto que achou e devolveu US$ 10 mil é herói. Ou que a múmia de 120 anos, e que todo 3 de outubro obriga alguém a levá-la pra votar, é heroína: "Uma lição de cidadania". Eles não são heróis. Nem bombeiros são. Nem astronautas.

É por isso que nunca vi alguém de capa voando por aí. Porque aqui embaixo ninguém merece super-heróis. Em todo caso, de vez em quando dê uma olhadinha pra cima.

domingo, janeiro 15, 2006

Carta aberta aos meus irmãos



"O clube dos corações solitários acabou". Os créditos subiram mais lentamente que o normal em sinal de respeito e luto. E simplesmente tudo ficou bem. Como previsto e planejado, todas as peças se encaixam e permanecem no muro da nossa história. Uma parede de lamentações, derrotas, alegrias e conquistas. A porta fechou-se pela última vez com um estrondo implacável. Mas saímos vitoriosos. A ópera acabou, e a soprano não chorou.

O que dizer desses dois? Juntos embalaram os meus momentos mais brilhantes. Gritamos juntos contra um mundo que não entendíamos nem desejávamos entender. Gritamos uns com os outros. Mas sempre juntos! Assim destruímos e criamos. Criamos o caos, restabelecemos a ordem. Inventamos mil motivos para tudo aquilo. Mas hoje (só hoje) vejo que foi apenas por diversão. Montamos a banda mais fodida de todas. Porque éramos jovens.

Tocamos no frio de São Bernardo do Campo. Dormimos no camarim de Santo Amaro. E rimos quando tudo deu errado em São Caetano. Nenhum santo estava ao nosso lado e era exatamente assim que deveria ser. Agitamos para duzentas pessoas na faculdade. Brilhamos para apenas doze amigos no boteco. Gravamos, fotografamos e filmamos. E demos inesquecíveis risadas. Pegamos nossa fatia. E fizemos por nós. Sempre por nós e pela música! Semper fidelis.

Segui o ritmo do melhor baterista do mundo. Acompanhei os gritos do vocalista mais poderoso do planeta. Meus melhores amigos. Meus irmãos. E com os ouvidos ainda zunindo, nós encerramos. Com as notas graves ainda corroendo o amplificador e a vibração dos pratos ainda perturbando os ouvidos. Com a microfonia anunciando o fim dos tempos. Viramos o século, o milênio.

Mas a rádio emudeceu. Nossa aventura hi-fi chegou ao fim como começou: apenas os três. A bandeira pirata está a meio mastro. A Jolly Roger guardou-se na garagem musical que vocês ajudaram a construir em meu coração. E eu nunca esquecerei do que passamos juntos. A vocês dois, muito obrigado por terem realizado e partilhado meu sonho. Eu nunca vou me esquecer dos sorrisos incontidos quando a música começava. Vocês são os melhores e mais legítimos músicos que eu já conheci. Meus amigos, meus irmãos, meus heróis...


"Amigos, foi um prazer dividir essa modesta vida com vocês. São seus sorrisos que eu levo comigo." - Rémy Girard, As Invasões Bárbaras

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Latitude 30º01'59''

Por saber exatamente o que fazer. Por ter sido firme quando precisaram de mim. Por ter fraquejado quando não havia mais nada a fazer. Por ter sido o primeiro a chegar. Por ter sido o último a sair. Por tudo o que foi dito naquela manhã.

Por ter descoberto que eu controlo minha vida. Por ter questionado tudo e todos. Por ter tomado decisões sozinho. Por não ter me arrependido de nenhuma delas. Por ter enfrentado meu inferno sem pedir ajuda a ninguém. Por ter chorado num domingo a noite. Por ter descoberto o amor numa quinta à tarde. Por ter pago minhas dívidas.

Por ter orgulho de quem eu fui e quem eu sou. Por saber exatamente quem eu quero ser. Por ter me aventurado. Pelo Rio de Janeiro. Por Curitiba. Por São Paulo. Por Porto Alegre. Por Mário de Andrade. Por Paixão Cortes.

Existem inúmeros motivos pelos quais 2005 foi o ano mais importante da minha vida. Pelas pessoas que me cercam. Por quem abriu a porta. Por quem esteve sempre lá. Por mim. Por ela. Por você. Pelo adeus. Pela nova vida. Pela latitude 30º01'59''.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

So long, SP

Foto: Robby Askew
"This house is not my home anymore. It is only an empty place!" So long, SP!

sábado, janeiro 07, 2006

Home Alone 2

Mais ensinamentos de uma casa vazia:

.::CONSTATAÇÕES
- Chocotone no microondas não fica bom.
- É preciso esquentar o molho de tomate antes de colocar no macarrão.
- A soma de palha de aço e sabão em pasta faz milagres nas panelas.
- Para limpar o fogão é preciso remover exatas 12 peças.
- A meia branca fica rosa após ser lavada com uma camiseta vermelha.
- Máquinas de lavar tem um copinho para colocar sabão em pó e amaciante.
- Sim, amaciante faz diferença.


.::PERGUNTAS
- Onde será que fica a roupa de cama limpa?
- Lençóis precisam ser passados a ferro?

PS: Num sábado a tarde, no ônibus, eu não pensei "o que será que vou fazer hoje a noite?", e sim "será que eu desliguei o gás e fechei as janelas?". Sinal dos tempos!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Home alone

Aprendi lições importantes depois de ficar sozinho em casa:

- A toalha do banheiro não se troca sozinha.
- O pão embolora, mesmo na geladeira.
- O leite, misteriosamente, torna-se sólido fora da geladeira.
- Material orgânico deixa o lixo muito fedido após três dias.
- Existem gnomos que furtam raladores de queijo na calada da noite.
- O estoque de papel higiênico não é infinito.
- O jornal não tem a chave de casa, por isso ele espera do lado de fora.
- Depois de uma semana na pia, é muito dificil limpar as panelas.
- As louças e os talheres não sabem sair do escorredor e ir para o armário.
- Espátulas plásticas derretem quando são esquecidas na água quente.
- As instruções de preparo das embalagens de macarrão não são claras.
- É preciso retirar o filme plástico antes de requentar um prato no microondas.