Always remember: Elvis is dead, gravity kills and happiness sucks!

quinta-feira, junho 30, 2005

Rock me, baby - Parte II

Depois de ontem tenho mais uma guitarrista pra colocar na lista de lindas e talentosas. É um pouquinho diferente do perfil das outras cinco, mas atualmente essa aqui é minha preferida.

Noodle - Gorillaz

Leia a "entrevista" com essa japinha, e me fala se não dá vontade de pegar ela no colo.

quarta-feira, junho 29, 2005

This is Radio Clash

Mais listas: as cinco melhores músicas que foram lançadas este ano (na minha humilde opinião). Quem sabe até o fim do ano consigo fazer um Top Ten. Dúvidas sobre onde achar cada uma delas? MSN-me, please!

Foo Fighters - In Your Honor
Millencolin - Farewell My Hell
The Wedding Present - Interstate 5
Gorillaz - Feel Good Inc.
Daft Punk - Technologic

Você tem mensagens

Seja bem-vindo, por favor retire seu ticket. Se você é funcionário credenciado aproxime seu cartão. O piso S2 é dedicado exclusivamente a convidados e visitantes do condomínio. Localize-se. Você esta no M7 do setor vinho, Torre Oeste. Para sua segurança o ambiente está sendo filmado. Por favor dirija-se aos elevadores. Identifique-se na portaria.

Você já tem cadastro? Qual o número de seu R.G.? Um momento que preciso tirar uma foto. Sorria, você está sendo filmado. As catracas amarelas dão acesso aos elevadores pincipais. Utilize apenas os elevadores à direita. Eles dão acesso ao 12º andar.

Não, não existe o 13º andar. Superstição, sabe como é. Sobe? Alguém segure a porta. Câmbio: euro vendido a R$ 2,96. Acerte seu relógio: são 8h46. Previsão do tempo para esta quarta: bom com pancadas de chuva. Com licença, eu vou descer neste andar.

Boa tarde, veio falar com quem? É particular ou de alguma empresa? Por favor aguarde um minuto que ele já está a caminho. A porta de vidro à esquerda é de acesso exclusivo a funcionários do departamento de operações. Digite sua senha. Registre sempre seus horários de entrada e saída na máquina de ponto. Aperte 1 e aproxime seu crachá.

Procure um terminal vazio. Digite seu login e sua senha. Se você é funcionário do departamento de tecnologia interna informe também seu número de registro para ter acesso privilegiado à rede interna. Iniciar. IBM Notes Mail Server.

Você tem três novas mensagens. "Mensagem Automática. Faça um tour virtual para aprender mais sobre os recursos e ferramentas do IBM Notes Mail Server. Clique aqui!" Mover para a pasta Lixeira.

Próxima mensagem."Bom dia, seja bem-vindo à equipe. Antes de começar por favor faça um relatório em espanhol sobre as dificuldades de implementação da linguagem PHP e ASP para os engenheiros de nossa sede em Miami." Mover para a pasta Pendências.

Próxima mensagem."Baby, boa sorte no seu primeiro dia de trabalho. Te amo muito. Me liga!". Mover para a pasta Não Deletar Nunca.

terça-feira, junho 28, 2005

Rock me, baby

Noite de terça na redação. Tudo que precisávamos era de algum assunto interessante que nos fizesse pensar bastante. Sugeri: as cinco roqueiras mais lindas e talentosas da atualidade. Mas a banalidade do tema esbarraria em severas regras para a eleição. Alguns critérios foram seguidos para que nenhuma das garotas que passam por aqui nos acusem de chauvinismo.

Vamos às regras. Primeiro: a moça em questão deve atuar ou ter atuado em alguma banda de rock. Segundo: o estado civil, idade ou a orientação sexual da candidata em nada influenciará sua colocação no ranking. Terceiro: serão consideradas apenas as candidatas que forem unanimidade entre todos os integrantes da banca examinadora (no caso eu). Ah! A banda em questão tem que ser legal.

Brody Dalle - Distillers - A voz lembra um pouco a de Courtney Love. Mas, graças a Deus, as semelhanças entre Brody e a Sra. Cobain acabam por aí.

Sara Radle - Ex-Lucy Loves Schroeder - Menina do Texas que agora está tentando a sorte em carreira solo em Los Angeles. Não, ela não tem cara de caipira.

Cristina Martinez - Boss Hog - Quando veio ao Brasil, Jon Spencer entornou o caneco por ter levado um pé na bunda da Chris. Bebeu pouco comparado à imensurável perda.

Laura Ballance - Superchunk - Há 10 anos ela já teria entrado nessa lista. A baixinha que mal conseguia segurar o baixo virou um mulherão. E toca muito.

Camille - Ex-Nouvelle Vague - A única européia da lista, Camille foi a responsável pelos vocais na versão de The Guns Of Brixton, fator determinante para que faturasse a vaga.

*Menção honrosa
Foram cogitadas também para a lista os seguintes nomes: Gwen Stefani, Liz Phair, Melanie Pain, Shirley Manson e todas as The Donnas. E antes que perguntem, Amy Lee e Avril Lavigne não foram sequer mencionadas por deficiência musical, estilística e técnica.

O Haiti não é aqui

Pessoas que ganham fama e dinheiro cantando as misérias de um povo, e não revertem essa renda para aliviar um pouco o sofrimento de quem foi sua inspiração, não passam de vermes ordinários que não têm vez na minha revolução. No meu mundo ideal as coisas são bem diferentes.

Enquanto isso, continuamos hipnotizados com pão e circo. Nada como uma dose de Gol do Brasil em Pó pra fazer todo mundo esquecer que estamos aqui.

The sunday report

Aos poucos começo a gostar mais das noites de domingo. Um domingo como esse por semana e a vida seria bem mais fácil. E tudo se resume em três palavras: rock and roll! Marcelo pede: "repete isso". Rock and roll.

Avenida Club, por volta das 21h. No estômago: fraccino mocha, dois pães de batata, meia cerveja. Na cabeça: os preços irreais da Fnac, um quilo de proposições sobre histórias fracassadas de amor (infelizmente nenhuma constatação que mereça registro) e meia cerveja.

Todo guitarrista que vem fazer um show com a camisa do DK (e se você pensou em Donna Karan vai tomar no cu!) já sai com nota 7,0. Inconsistente apesar dos momentos divertidos. O que mais esperar do Ultramen. Hum. Injusto! Eles fizeram a melhor saída que uma banda pode promover. Pesada e sem despedidas. Como amor bruto, como amor punk.

Avenida Club, por volta das 22h. No estômago: revolta. Na cabeça: três cervejas. Nos ouvidos: zunido, histórias engraçadas sobre traições, e propostas interessantes e concretas (jura ela) sobre os próximos shows. No peito: empolgação por sonhar em ver Nine Inch Nails, Strokes, Stooges, Weezer, Foo Fighters, MC5 e Slipknot tudo no mesmo ano.

Avenida Club, por volta das 23h. Fui arrasado por uma divisão panzer que me atropelou. Bidê ou Balde, rock and roll. É preciso dar vazão ao sentimento, rock and roll. Buddy Holly, rock and roll. Melissa, rock and roll. Som muito alto, rock and roll. Carlinhos com camiseta dos Kinks, rock and roll. Vivi balançando a saia, rock and roll. O show é curto. Deixa querendo mais. Assim que é bom. Assim que é rock and roll.

After hours numa padaria que não me lembro o nome nem onde era. Mas eu lembro que foi engraçado e que a conta nem saiu tão cara. Tá bom né?

Sem saber, o amigo (de MSN) Carneiro deu outro sentido pra Hoje do Camisa de Vênus. E assim fui dormir cantarolando: Amsterdã, via Paris/Acho que é nesse que eu vou/Mudei o corte do meu cabelo/Eu já nem lembro como é que eu sou...

PS: Antes que me acusem de genialidade literária, certos elementos estéticos desse resumo são gentilmentente furtados de um dos textos mais brilhantes que eu já li. Cerca trova.

segunda-feira, junho 27, 2005

O vermelho e o azul

"Por que, com você, tudo tem que ser sempre relacionado a música?" Essa pergunta ficou ecoando na minha cabeça durante horas, dias. E mesmo hoje, semanas depois, ainda parece que ouço exatamente cada sílaba dela. Eu sei a resposta, mas fiquei com preguiça de responder na hora. Eu sempre soube a resposta. Mesmo antes de ser questionado dessa forma. Mas no fundo é simples: eu entendo a música muito melhor do que entendo as pessoas.

Tecnicamente música nada mais é do que matemática. Qualquer garoto que seja realmente bom com números pode se dar bem em música. Harmonia nada mais é do que um aglomerado confuso de compassos, quartas, oitavas, tons, subtones, sustenidos, bemóis e notas músicais que seguem uma escala numerológica muito bem definida. Mas ainda falta o sentimento.

Nunca fui bom de matémática, e apesar de entender exatamente o que uma harmonia é, não consigo definir como alguém chegou a ela. Por isso compenso no sentimento. Basta-me entender ou especular os motivos que levaram um compositor a escrever aquilo. Um psicólogo da música. E é assim que entendo a música: através do sentimento que originou a harmonia. Mas não entendo as pessoas.

E assim meu gosto vai mudando. O que fazia sentido antes passa a ser um segundo plano. Acho que amadurecer tem a ver com isso. Eu ainda odeio Chico Buarque e todos da MPB. Mas muita coisa que não gostava passa a fazer mais sentido. Eu ainda gosto mais da coletânea vermelha dos Beatles. Acho mais divertido ouvir Love Me Do. Mas agora entendo exatamente a letra de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. E isso dói. Machuca saber que o disco azul é mais real.

Mas eu nunca sonho em azul. Quando fecho os olhos, são as histórias de um amor adolescente e vermelho que me fazem acordar sorrindo. E eu nunca sonho com Penny Lane, por mais que acorde querendo assobiar a melodia de Strawberry Fields Forever. Mas eu nunca, nunca sou Billy Shears em meus sonhos.

O show vai acabar...

Uma ressalva importante e necessária a se fazer fazer sobre metaleiros: que graça eles vêem em ficar cheirando farinha naquele camarim minúsculo e fedorento do Hangar? Pelo menos a turma da heroína vai tomar baque no banheiro. What a fucking waste of youth. Teriam uma bela carreira (sem trocadilhos) se não fossem morrer aos trinta e pouco, patéticos e desdentados.

domingo, junho 26, 2005

O show vai começar...

Considerações necessárias e impreteríveis sobre essa noite. O embate foi entre o hardcore e o thrash metal. Sim, metaleiros são bitolados (até demais), usam desconfortáveis e apertadíssimas calças jeans com colete e All Star preto. E eu realmente acho desnecessária a aversão que eles parecem cultivar pela combinação água, shampoo e cabelo. Por outro lado promovem uma das cenas mais unidas e legítimas que existe no caducante underground paulistano.

O hardcore "permite" uma variação fashion mais apurada. Mas o ego é de foder. Por que todo mundo que participa dessa cena acha que está vivendo uma época mágica que é tempero essencial para um suposto caldeirão criativo (que não existe, diga-se)? O que há tanto pra se cantar sobre corações partidos? Ora, se você quer demonstrar atitude e postura, por favor pare de imitar o CPM 22 cantando baboseiras românticas. Ah, mas é só assim que você vai conseguir tocar na rádio sob um contrato (ou seria grilhão?) gordo, né?

Tá bom então, tenta a sorte aí. Só um toque: as gravadoras não promovem mais festinhas regadas a champanhe e farinha. Os anos dourados já oxidaram faz tempo. O bonito envelheceu e o que era puro e legítimo agora canta no programa do Faustão ou namora alguma vadiazinha da novela das oito. Às vezes faz os dois ao mesmo tempo.

Então, cut the crap, e assuma uma postura. Quer se vender? Ótimo, nada de errado nisso. Vai ganhar sua grana, irmão. Mas não tenta me comprar com essa de que você tem uma vírgula de atitude, porque eu estou velho demais, cansado demais e puto demais pra continuar aturando você e esse seu discursinho pré-frabricado sobre ser um bastião do submundo musical. Wake the fuck up! Assim como o punk, o hardcore brasileiro é farsante, enquanto agitação ideológica.

Tudo se resume a música, e nunca deveria ser diferente disso. Mas, hey, não desista do hardcore como estilo musical tão somente. É o melhor ritmo que existe. E, se você for esperto, vai ver que ele pode te salvar de muita merda. Pode até fazer seu coração voltar a bater quando 200 joules e um médico não conseguiram. Comigo foi assim! Agora cala a boca, o show apenas vai começar...

sábado, junho 25, 2005

É tudo verdade (ou quase)

Uma das histórias mais divertidas do rock que eu já ouvi é sobre a briga entre o Lynyrd Skynyrd e Neil Young. Tudo começou quando Young, um canadense meio certinho, compôs Alabama. Tá bom, é só prestar atenção na letra que dá pra sacar que ela generaliza demais algumas coisas. Mas é um puta ataque ao racismo que tem no sul do EUA.

Aí, nessa, é que o Lynyrd Skynyrd entrou na treta. Ronnie Van Zant, que era um porra louca de marca maior, tomou as dores de toda a nação sulista e escreveu Sweet Home Alabama. Diga-se de passagem também é uma senhora canção.

Aí a treta ficou mais franca. O canadense vesguinho ficou puto com Van Zant e resolveu dar a tréplica com Walk On. Ele jura que a música não tinha nada a ver com Van Zant, e que ela é uma "homenagem" a seus ex-amigos Crosby, Stills e Nash. Sei, sei.

Mas essa merda toda só ficou engraçada porque na real o Van Zant e o Young eram amigos pessoais, e todo mundo caiu na história da treta entre eles. Depois dum tempo o Van Zant assumiu que adorava Neil Young, e passou a usar uma camisa dele pra cima e pra baixo. Dizem as más (ou sinceras) línguas que ela até fedia de tanto que ele usava.

E tudo correu bem até 20 de outubro de 1977 . Foi nesse dia que o bimotor alugado pelo Lynyrd Skynyrd caiu. Morreram Van Zant, três backing vocals e dois roadies da banda. O líder de uma banda que está no auge morre tragicamente. Você já viu esse filme? Eu também. O que aconteceu? Isso mesmo, comoção geral.

Homenagens pipocaram pra tudo que é lado. Nessa, sobrou até pro Neil Young. O cara voltou a tocar Alabama em seus shows (é, aquela que deu início à toda a treta). Só que, no refrão, ele cantava do mesmo jeito do Lynyrd Skynyrd e ficava assim "Sweet home Alabama". Ele até usou aquela clássica camiseta do Skynyrd que imitava o rótulo duma garrafa de Jack Daniels. Pra ninguém achar que eu stou mentindo o Jim Jamursch registrou isso naquele Crazy Horse.

Não lembro quem foi que disse: "Se você tem a verdade e a versão, então publique a versão". Ok, a frase é nojenta, mas o ser humano tem essa tendência de querer sempre a fofoca antes da verdade. Ou então existem alguns exemplos mais desprezíveis ainda que preferem transformar a fofoca em verdade. E assim, o que era verdade ou vira mentira, ou simplesmente fica em segundo plano.

Tá, mas esse texto não é sobre consciência humana ou certo ou errado. Enfim, o fato é que niguém se lembrou (ou não quis se lembrar) que Young e Van Zant eram amigos. E o que ficou foi a "treta" entre os dois.

Se a história tivesse morrido aí tudo bem. Mas o problema é que muitos anos disso surgiu um boato fortíssimo que até hoje ninguém conseguiu desmentir óu esclarecer. Uns dois anos depois da morte de Van Zant, uns fãs do Young foram até o túmulo do cara e tentaram desenterrar o caixão. É que falava-se que Van Zant foi enterrado com a camiseta do Neil Young. Mas isso ninguém sabe com certeza, já que o caixão dele estava lacrado. O que é totalmente coerente, afinal ninguém quer se contemplar um defunto que morreu na queda dum avião.

Mas o que os fãs do cemitério (aparentemente) não sabiam é que Van Zant poderia muito bem ter sido enterrado com a camiseta do Young por três motivos: ele gostava do canadense, era amigo do canadense e não tirava a maldita camiseta. Mas eles acharam que tinha sido uma última provocação contra Young. E lá foram eles tentar desentarrar Van Zant pra arrancar a tal camiseta do Young.

Se a história do cemitério é verdade ou não nunca saberemos. Mas é engraçado pensar que isso realmente ocorreu.

O Lynyrd Skynyrd não existe mais. No Grammy deste ano os sobreviventes receberam Tim McGraw no palco e tocaram uma versão nova de Sweet Home Alabama. Ah, e Neil Young estava na platéia, já que ele tocou no jantar especial do Grammy que rolou na noite a anterior e que homenageou Carlos Santana.

Esse ano ainda, Neil Young afastou-se da música pra operar um aneurisma no cérebro. Ele volta aos palcos dia 15 de agosto, em Nashville.

sexta-feira, junho 24, 2005

Earth is a small and boring place

Thaís: Vou fazer uma breve pesquisa com você.
Eu: Manda aí!
Thaís: Rio de Janeiro ou Porto Alegre?
Eu: Porto Alegre
Thaís: Chicago ou Porto Alegre?
Eu: Pra sempre?
Thaís: Não necessriamente.
Eu: Porto Alegre, de novo.
Thaís:Sério?
Eu: Sério.
Thaís: Jura?
Eu: Juro.
Thaís: Não te entendo.
Eu: É mais fácil do que você pensa.
Thaís: Hum. Já sei: Porto Alegre ou Londres?
Eu: Você quer dizer Porto Alegre ou Dublin?
Thaís: Dublin? Já encerrou em Londres?
Eu: Já.
Thaís: Nesse caso, Porto Alegre ou Dublin?
Eu: Dublin.
Thaís: Você tá falando sério?
Eu: Tô sim.
Thaís: Bom, cuidado pra não fazer merda!
Eu: Hã?
Thaís: É. Vê se não vai foder com tudo agora.
Eu: Hahahahaha.
Thaís: Dublin não é onde tem os conflitos do IRA?
Eu: Nossa, isso foi na década de 70. E é Belfast, não Dublin.
Thaís: Espero que dê certo.
Eu: Uma agulha e um pouco de mercúrio fazem milagres.
Thaís: Vou dormir. Amanhã vou de trem pra Tóquio.
Eu: Tá bom. Boa viagem
Thaís: Valeu. "se vemos..."
Eu: Aye!

quinta-feira, junho 23, 2005

Dave contra o Diabo

Na época da Inquisição, a Igreja sismou com tudo que era forma de arte. Não pode isso e não pode aquilo. Seria como a ditadura, só que em vez de você fritar no pau-de-arara, na pimentinha ou na cadeira do dragão, você virava churrasco na fogueira. Ah, você enxerga mal? Vai pra fogueira. Ah, você é manco? Vai pra fogueira. Ah, você padece com um gravíssima e crônica halitose que na verdade é originada por uma ferida no estômago? Vai pra fogueira, bafo-de-onça.

Uma das coisas que sempre me impressinou na Inquisição foi a perseguição aos músicos. Foi nessa época que surgiu uma das melhores definições para uma passagem musical. Diabolus In Musica foi a forma que a Igreja encontrou pra definir um arquétipo musical proferido em um intervalo. Na verdade esse intervalo nada mais é do que uma quarta aumentada de Dó e Fá sustenido. Mas a Igreja entendeu que essa harmonia era a chave pro Tinhoso pintar na Terra.

Esse compasso não tinha nada de novo. Na verdade isso vem da Grécia antiga. Os exércitos espartanos usavam essa melodia por acreditarem que esse intervalo colocava medo nos inimigos. Na verdade Diabolus In Musica é meio assustador mesmo, e quase toda música que quer dar medo apela pra isso. Quer tentar? Ouça "Black Sabbath", do Black Sabbath. Mas daí a dizer que Satánas vai colar na banca pois ouviu a música, é subestimar o chifrudo.

Desde que saquei que realmente gostava de música - e aprendi essa história contada aí em cima - pensei em qual seria o oposto do Diabolus In Musica. Cheguei a pensar que fosse "Rock Mountains High" do John Denver. Não pela música em si, que na verdade eu acho apenas mais uma balada pseudo-folk escrita por um ex-hippie num período em que música nos EUA era totalmente dominada por Michael Jackson e seu "Thriller".

Mas a definição que Denver deu à frente do Senado dos EUA, quando ele foi acusado de apologia ao uso de drogas, eu achei legal. Bom, por que ele foi acusado disso? É que alguém achou que o nome da música também poderia significar "Chapado de Pedra na Montanha" e não "Deslumbrado nas Montanhas Rochosas". Não vou dizer que a acusação partiu de uma certa Tipper Gore, então presidente de uma associação defensora da moral e dos bons costumes.

Enfim, o Denver encarou o marido da Tipper, o Senador Democrata Al Gore (sim, aquele que viraria vice-presidente do Clinton, que entregou a Copa do Mundo pro Dunga em 1994 e que tomou o maior chapéu da história política dos EUA) e disse: "Só alguém que nunca esteve nas Montanhas Rochosas num fim de tarde de outono, e que não sentiu a celebração da vida que aquela visão pode ser, pensaria que minha música tem a ver com consumo de drogas".

Bom, isso me bastou por um bom tempo. E assim John Denver ocupou durante muitos anos o posto de antônimo do medo em termos musicais pra mim. Depois eu comecei a sacar que isso varia muito. Então, de tempos em tempos, eu elejo novas canções que vão ocupar esse mesmo cargo. A última era "Leavin'" dos Mad Caddies. Mas bola da vez é "Last Song" do Foo Fighters. A música é do caralho. E a letra diz muita coisa.

Algo me diz que Dave Grohl vai ocupar esse posto por um bom tempo. Ele venceu o diabo. Não é pra qualquer um.

quarta-feira, junho 22, 2005

O papiloscopismo

A Polícia Civil do Estado de São paulo está promovendo um concurso público para preencher vagas da equipe de papiloscopistas policiais. Os vencimentos mensais são de R$ 609,00. Para participar do concurso o candidato deve ter completado o ensino médio. Se você se interessou, o site da Polícia Civil tem mais informações.

Agora alguém me responda: o que caralhos faz um papiloscopista policial?

Sheep Purple


Ladies and gentlemen, the Sheep Purple!

I think everybody gone crazy

Em abril de 77, um certo David Berkowitz, de 23 anos, fodeu a vida da polícia de NY durante o verão. Matou diversos casais que namoravam na rua. Atuava sob a alcunha de "Son Fo Sam", e quando foi preso, afirmou que apenas seguia ordens de um cachorro (é, um cão) de 3000 mil anos de idade.

Em abril de 95, um certo Timothy McVeigh, de 27 anos, explodiu um prédio federal em Oklahoma. Uma das principais áreas atingidas foi um creche que ficava no térreo. Ele que era um ex-fuzileiro nunca soube explicar o motivo. E cansou de dizer apenas "Porque sim!".

Essa semana, um certo Murilo Bolim, de 26 anos, matou a namorada antes de arejar o cérebro com uma bala. A carta de suicídio dele foi publicada em seu pefil no Orkut. Tá lá, pra todo mundo ver e comentar o grande feito.

Na madrugada de ontem, um certo Jackson Sena Santos, de 24 anos, matou a irmã e mãe a golpes de faca, em Salvador. De acordo com o que disse à polícia baiana, ele cometeu o crime a mando de uma "voz".

WHAT THE FUCK IS GOING ON AROUND HERE?

terça-feira, junho 21, 2005

Box populi, box dei

01 - Nirvana - With The Lights Out - OK!
02 - Joy Division - Heart And Soul - OK!
03 - The Velvet Underground - Peel Slowly And See - EM BREVE
04 - Sex Pistols - The Box Set - OK!
05 - The Misfits - The Coffin - EM BREVE
06 - Metallica - Live Shit! Binge & Purge - OK!
07 - Marvin Gaye - The Master 1961 - 1984 - EM BREVE
08 - Slayer - Soundtrack To The Apocalypse - PENDENTE
09 - The Clash - Clash on Broadway - OK!
10 - Roberto Carlos - Pra Sempre 60's & 70's - EM BREVE

*Nota mental: So far, so good!

segunda-feira, junho 20, 2005

All ages...

Por favor, alguém aí me ensina que aos 26 eu já não tenho o mesmo gás de 10 anos atrás. Que balada tem limite, principalmente aos domingos. Que eu realmente preciso dormir mais. Que eu tenho que acordar dentro de quatro horas...

domingo, junho 19, 2005

I need a life...or a clone!

Hoje me peguei cantando uma música do The Damned. Cara, fazia um tempão que eu não ouvia "I Need a Life". Mas hoje eu preciso mesmo é de um clone. Tenho tanta coisa pra fazer que não vou dar conta. Tudo começou ainda de manhã. Wynton Marsalis no Ibirapuera foi espetacular. Sol forte, gente demais para um show de jazz, gente de menos para um show no parque. Repertório impecável com destaque para "Miss Missouri" e "La Espada de La Noche". Como previsto, Wynton ganhou a briga que eu inventei entre ele e Brandford.

Almoço rápido e lá fomos nós para Interlagos. Manu Chao e Tiken Jah Fakoli também fizeram um show muito bacana. Não é pra qualquer uma e teve muita gente que achou que Manu Chao fosse rapper. Sonzinho dos bons, experimentações sem exageros e conclusões: "Clandestino" é muito superior a "Estación: Esperanza". O show no Free Jazz de 2000 também foi melhor.

Parada rápida em casa para um banho e uma cerveja com a galera. E novo dilema: Wander ou Ludov? Fun House ou Avenida Club? "Ah, vamos nos dois". Pasmem! A sugestão foi um sucesso. E lá vamos nós de novo ver o Wander na Fun House e terminar a madruga com o Ludov. Hey, Rat Scabies, mude a letra: "I need a clone, I need a clone"!


* Nota mental: Mais um showzinho que nunca vou ver e merece destaque: Morphine. Eu finalmente entendi o que o Marcelo quis dizer com "A música mudou e salvou minha vida". Parecia apenas conversa de bêbado, mas não era.

sábado, junho 18, 2005

O cara mais "cool" do rock

LegsMcNeil garante que Danny Fields era o cara mais "cool" do rock na década de 70. Dá pra concordar com ele, afinal o Sr. Fields foi um tremendo catalisador pra tudo que surgiu de legal na música entre Detroit e Nova York. E aí você pode incluir sem medo New York Dolls, Television, Stooges e uma caralhada de outras bandas.

Veja, não quero tentar aqui me comparar ao Legs. Eu não criei uma revista (ok, aquilo era mais um fanzine) que deu nome a uma das mais ambíguas, explosivas e definitivas tendências culturais dos últimos tempos. E, sinceramente, nem enxergo grandes possibilidades de realizar feito parecido. Mas eu realmente preciso dar meu parecer sobre quem é o cara mais "cool" do rock hoje.

Dave Grohl. Sim senhor, esse é o cara. Ele consegue juntar tudo que um rockstar deve ter: carisma e talento. E essas duas coisas parecem ser abundantes nele. Eu finalmente ouvi o novo álbum do Foo Fighters, "In Your Honor". Com todo o exagero que a empolgação e o devaneio incauto me permitem, ouso dizer que a faixa título (que abre o disco) é a melhor música que ouvi em 2005.

A parte boa começa na letra. É uma declaração absoluta e sincera de amor. O refrão é "In your honor/I would die tonight/For you to feel alive". Tudo isso é acompanhado por uma guitarra densa e nervosa adicionada a uma distorção orgânica e pesada. A bateria é massacrante, e a voz de Grohl atinge nivéis impressionantes de uma rouquidão gutural.

Isso me fez pensar em uma teoria (polêmica, eu sei). Não vamos dar apelido ao que tem nome. A melhor coisa que aconteceu para a música da década de 90, e desta década que vivemos, foi o suicídio de Kurt Cobain. De forma alguma vou enaltecer o fato dele ter aberto um túnel em sua cabeça com uma espingarda Winchester. Mas é certo que - além de todo romantismo que essa tragédia guarda - a morte de Cobain é determinante para o rock do ano 2000.

Sem Cobain, o Nirvana obviamente acabou. Isso desencadeou duas coisas boas: o Nirvana acabou antes que se estragasse e Dave Grohl teve sua imensa verve criativa liberada. Por um lado é até possível pensar que não era preciso que ele se matasse para que a banda acabasse. Assim como ninguém no Ramones precisou dar um tiro nos miolos para que a banda pendurasse as guitarras.

Mas a comparação é ingênua. Ramones nunca teve uma importância comercial nos EUA, ou mesmo no mundo. Era uma banda espetacular sim, mas nunca foi um fenômeno de vendas. Nunca assinou contratos milionários. Já o Nirvana era um sucesso para os bolsos da Geffen. E isso era bem capaz de influenciar os caminhos artísticos de Cobain. Se é que já não estava influenciando.

É só comparar os três discos de estúdio do Nirvana: "Bleach", "Nevermind" e "In Utero" (sim, estou tirando o "Incesticide" da lista já que é um álbum com refugos de estúdio). "Bleach" é pesado. "Nevermind" é pesado. "In Utero" é quase pesado. E num eufemismo debochado é possível dizer que "Utero" é um "registro maduro". Isso já é prova mais que suficiente de que o grupo estava indo por um caminho perigoso.

Com Cobain morto, Grohl perdeu sua maior âncora criativa. Ficou livre pra navegar por onde bem entendesse. Assim, ele conseguiu construir uma carreira tão difusa de seu passado nirvânico que é quase impossível ver uma foto dessas duas épocas e ter a noção exata de que são a mesma pessoa. Grohl soube reconstruir o rock de tal forma que atualmente o Foo Fighters é uma das poucas bandas legítimas que chegam ao mainstream e não são meras prostitutas musicais no topo da "Billboard".

Dá até pra seguir uma linha desvairada de pensamentos e avaliar que a letra de "In Your Honor" não é uma simples declaração de amor. É um compromisso. Ele morreria para fazer uma música tão "cool". Uma música que faz a gente se sentir realmente vivo.

*Nota mental: o que terá sobrado quando as luzes se acenderem?

sexta-feira, junho 17, 2005

Ready. Get set. (Free to) go...

A domingueira musical vem aí. O clima é de maratona. Dá até pra ouvir o juiz de prova gritando: "Ready. Get set. Go!". A corrida começa ao meio-dia no Ibirapuera, pra ver Wynton Marsalis e seu jazz impecável.

De lá, é sair correndo pro Sesc Interlagos ver a dupla Mano Chao e Tiken Jah Fakoly. Não sei bem o motivo, mas entrei numa fase de curtir música africana. Principalmente um álbum ao vivo da Brenda Fassie. Culpa do Memo.

Pra completar o dia de forma perfeita (e totalmente utópica) queria ver o show do Asian Dub Foundation, e passar a madrugada de domingo revendo a apresentação do La Fura Dels Baus.

Mas tudo que me espera é a Fun House, Wander e Clara Averbuck. Tá de bom tamanho.

Prefiro do jeito simples

Teto baixo, fumaça de cigarro, som alto (e ruim), microfonia, cerveja, brindes quase esquecidos, boa companhia e punk rock. After hours discutindo banalidades musicais (divertidíssimas por sinal) numa padaria na Consolação, antro de putas e travestis. A madrugada foi no mínimo antológica. Bem como o dia inteiro em si.

Conferir o show do Wander no Chamaleon ainda me trouxe um amigo do passado. Há eras não trombava com o Tahira por aí. Continua fotografando mas está realmente empolgado com a carreira de DJ. Está tocando lounge no Skye. Insistiu pra que eu fosse. Em breve, em breve.

O colega Marcelo Ferla defininou bem: punk é um roqueiro que simplifica as coisas. Foi a explicação que até hoje fez mais sentido pra mim. Prefiro do jeito simples, e com o perdão da redundância, vou simplificar a noite a uma frase do amigo Wanderley: "você precisa de ação". Precisava, meu brother-rock-star, precisava.

Agora é rezar pra chegar em casa inteiro, e esperar a sexta se arrastar até sabadão. A balada começa na hora do almoço. Rangão e cerveja com a galera da Velvet. Velho Carneiro, queridíssimo cowboy do Velho Oeste paulistano, está contido na equação. O dia promete!

*Nota mental: Marceleza me obrigou a incluir na lista dos shows que eu nunca vou ver os Stooges e The Who. Tá feito o registro.

quarta-feira, junho 15, 2005

E sempre tudo é jazz!

Por ser o mais novo de três irmãos, sempre ouvi que o caçula é o rebelde, o diferente, o contestador. Pode ser verdade. No meu caso, por exemplo, isso se aplica muito. Vejam só, eu fui o único a repetir de ano na escola. O único a fugir das ciências biomédicas e encarar as humanas. O único que toca um instrumento. O único que estudou em faculdade particular. E o único que já pisou num tribunal (tá, eu era a vítima, mas estive lá).

Nada de grandes análises psicológicas, por favor. Amo meus irmãos e confesso que sempre sofri mais com a idéia de perder um deles do que com a de enterrar meus pais. Em todas as nossas diferenças vejo como somos completos. Entre o desleixo acidental do Gustavo e método quase sufocante do Rafael, mora a minha desordem caótica. E não precisei esperar que eles saíssem de casa para ver o quanto éramos (e somos) amigos.

Mas nem toda família é assim. Conheço pelo menos uma que não segue a regra. Lá, os valores se invertem e de fato não sei se eles são grandes amigos. Mas são irmãos, e isto basta. Podem até ter suas diferenças, mas é certo que compartilham talento e amor pela música. Coisa de berço, que nasceu com o avô Ellis Marsalis. O gene musical passou ainda pelo filho, o pianista Ellis Jr., e consagrou-se em seus netos Brandford e Wynton.

Brandford é o mais velho, tem 44 anos, e uma rebeldia quase incompreensível. Vi o show dele em 2004 no Tim Festival. É o cara que toca seu sax de camisa aberta. Erra de propósito, simplesmente por achar divertido ter que corrigir uma melodia no meio. Wynton não. É impecável em seus 43 anos. Ama o jazz tradicional e não erra. Nunca! Entre os Marsalis, rebelde é o mais velho.

Domingo eu vou ver o show do Wynton no Ibirapuera. Finalmente vou saber quem é meu Marsalis favorito. Eu até consegui um par ingressos para o sábado à noite. Mas, no Cultura Artística, menino de cabelo roxo não entra. Algo me diz que esse caçula vai se impressionar mais com outro caçula, mesmo que ele seja a exceção, o anti-rebelde. Não tem problema. No fim, tudo se resume a isso. E sempre tudo é jazz!

terça-feira, junho 14, 2005

10 shows que eu nunca vou ver

01 - THE CLASH - Caralho, eu definitivamente nasci no país errado, na época errada. Eles tiveram Pistols, Clash, Buzzcocks... Eu tive Tribalistas. Os caras têm guitarras e eu tenho cavaquinhos e pandeiros. What the fuck! "Someone put a bullet in my head".

02 - RAGE AGAINST THE MACHINE - Como podia ser tão pesado? Como podia ser tão nervoso? Como assim, eu vou morrer sem assistir? Esse eu queria, no mínimo, voltar fraturado e sangrando. Menos que isso seria pouco. O amigo Morello merecia mais.

03 - BLACK TRAIN JACK - Em dois discos eles fizeram o que o Rancid não consegue fazer em sua carreira inteira. Show pra assistir com espírito de 16 anos e voltar cheio de hematomas. Que saudades de entrar numa roda com o Jansão e fazer todo mundo voar pelos ares.

04 - THE BEATLES - Esse é apenas pelo valor histórico. Tá, agora eu fui ranzinza. Mas fora a importância histórica eu nunca encontrei grandes motivos pra achar esses caras espetaculares. Já que é sonho, eles poderiam tocar apenas coisas da época "cabelo de cuia".

05 - CHET BAKER - Ainda não consegui descobrir se fui viciado em heroína em outra vida. Mas esse cara realmente me deixa estranho. Provavelmente eu esqueceria de colocar ele na lista, mas o "Live in Paris" que eu comprei recentemente foi a trilha sonora do fim de semana.

06 - BLUE CHEER - Hendrix é a puta que pariu. Esses caras eram Hell's Angels e montaram uma banda. Ainda não existia distorção quando Leigh Stephens furou o falante de seu aplificador com um lápis. Pronto, ele inventou o primeiro overdrive da história. Sweet.

07 - MARVIN GAYE - Ah! O Mr. Motown. Misturava groove e melodia como ninguém. Que falta ele faz em épocas de tantos corações partidos. E a gente tendo que se conformar com Jack Johnson e aquela insuportável dor de corno. Motorista, toca pra Detroit dos anos 70.

08 - DEAD KENNEDYS - Eu já vi a farsa do D.H. Peligro na Broadway e vi o Jello Biafra no finado Aeroanta. Mas é como comer queijo num dia e a goiabada no dia seguinte e falar que isso é Romeu & Julieta. Só valeria se tivesse sido junto né?

09 - VELVET UNDERGROUND - Alguém um dia vai me convencer de que o Lou Reed fez alguma coisa que realmente prestasse em sua longa (e chata) carreira solo? Fui ranzinza de novo né? Tá, mas o cara é chato e só veio pro Brasil quando faltou grana. Eu quero o original.

10 - TIM MAIA - Ah! O que tem? O cara era um puta drogado que cantava pra caralho e inventou a black music no Brasil. Samba rock o meu cu, isso era groove de verdade. Baixão estourando no peito e guitarrinha açucarada dando o tempero das letras mais canalhas.

Menção honrosa:
GRATEFUL DEAD - Mesmo sabendo que estaria abarrotado de hippies eu até enfrentaria essa legião de inimigos pra ver Mister Jerry Garcia em ação.

JOHNNY CASH - Chato, ranzinza e extremamente sentimental. Just like me! Fiquei sabendo da morte dele na casa da Thaís. Estou com saudades do Man in Black.

Uma noite alucinante

Já passava da uma da manhã de uma quarta feira quando o Reinaldo me abordou para saber se eu queria uma carona. Minhas últimas funções já estavam feitas, mas ainda assim hesitei em dizer sim. Quem sabe uma última ronda pelas agências internacionais de notícias fizesse a madrugada um pouco mais produtiva. Mesmo parecendo uma prudência necessária, resolvi aceitar. E daí, ninguém vai morrer agora. Rapidamente desliguei meu computador e parti com o fotógrafo falastrão.

A conversa no elevador enquanto descíamos os doze andares que nos separavam da rua foi banal. Reclamações corriqueiras sobre as injustiças da profissão de jornalista eram mais que comuns entre nós dois. O fato de Reinaldo estar carregado com seu equipamento fotográfico ainda me preocupou. Passaríamos por ruas muito escuras, e a região da Berrini em São Paulo é pródiga em assaltos.

Mal chegamos à esquina da Berrini, Reinaldo interrompeu a conversa com um sonoro “puta que pariu”. Logo senti o cheiro de maconha vindo em nossa direção. Para mim isso já era motivo mais que suficiente para que Reinaldo parasse subitamente na esquina, afinal ele era declaradamente um entusiasta da erva. O curto silêncio que ainda me confundia foi interrompido por ele quando disse:

- Caralho, roubaram meu carro! Estava ali na esquina, e não está mais lá. Levaram meu carro, porra!


Foi uma puta sacanagem, mas eu só consegui rir. A desgraça estava anunciada, mas à uma da manhã de uma quarta-feira isso é mais que motivo suficiente pra simplesmente rir. Atravessando a rua, cruzamos ainda com dois moleques da favela que fumavam a tal maconha que me surpreendeu na esquina. Um deles virou-se para nossa direção e sem pudor perguntou:

- Aí, vocês tão afim dum fumo? Tô com um preço bom!
- Tô de boa!
- Então me descola um cigarro pelo menos.

Provavelmente o pedido veio porque ele viu os últimos tragos que dava em meu Marlboro. Lembrei de um maço com dois cigarros que estava em meu bolso. Para não prolongar o papo joguei o pacote na direção dele que agarrou no ar e agradeceu a boa ação. Chegar a Rua Samuel Morse foi puro desespero inútil, afinal o carro não estava mais lá. Carregando no sotaque baiano, Reinaldo ainda desabafou:

- Eu voltei do Shopping Morumbi de táxi nesse minuto e ainda mostrei meu carro para o taxista. Não é possível. E agora, como vou fazer minhas correrias?

A agonia do baiano só aumentou quando ele lembrou-se que a chave de sua casa estava no cinzeiro do Fusca 83 branco que ele tratava como um filho. Sejamos justos, o carro era uma merda. Sempre deixou a gente na mão. Mesmo assim não demorou para decidirmos que o mais sensato seria fazer um boletim de ocorrência no 96º Distrito Policial que ficava na mesma avenida.

Voltamos à redação para que Reinaldo guardasse o valioso equipamento fotográfico: uma câmera Nikon D-2H, além de lentes originais que valeriam no mínimo uns R$ 10 mil. Reinaldo tratou de resolver seu problema de moradia e ligou para sua namorada pedindo abrigo. Com teto garantido, lá fomos Reinaldo e eu para a Delegacia.

Os 800 metros que nos separavam da polícia foram preenchidos com piadas sobre nossa desgraça e soluções imbecis para um problema real e alguns cigarros. Ficou combinado que após vencermos a burocracia policial tomaríamos um táxi para a Vila Mariana, já que a namorada de Reinaldo mora a uma quadra do meu prédio. O traslado com bandeira 2 seria gentilmente pago pela nossa empresa, através do boleto que Reinaldo espertamente mantinha na carteira.

Na delegacia ainda estranhamos o grande movimento. Pelo menos três viaturas da Polícia Militar descarregavam alguns procurados, pegos em flagrante. Má sorte, a noite prometia ser longa, muito longa.

Destoava daquele ambiente sórdido a bela escrivã chamada Ana Esperidião. Não daria para esquecer um nome desses. Loira e de mãos muito bem cuidadas, reluzia em seu anular esquerdo uma aliança dourada que denunciava claramente o estado civil da jovem de seu vinte e muitos anos. No pescoço, um pingente em forma de projétil parecia tentar inserir Ana no mundo polícia.

Enquanto Reinaldo tentava explicar para Ana a ocorrência, um investigador de plantão se interessou pelo caso e quis saber mais. Depois de ouvir nossa saga franziu a testa e revelou:

- Eu recebi um chamado desse pelo rádio. Falaram que tinham dois caras empurrando um Fusca branco. Eu fui até averiguar o caso, mas quando abordei o segurança de um puteiro que tem na Rua Arizona ele disse que viu o sujeito, mas que ele era da área.

- Esse segurança tá de sacanagem - disparei.
- Faz o seguinte: cola no segurança do puteiro e pergunta de novo. Se você desconfiar, chama a gente que eu vou de viatura com você lá pra gente debater essa fita. Meu nome é Marcos, eu sou investigador e vou estar de plantão aqui até de manhã.

Com o B.O. ainda quente na mão deixamos a delegacia e partimos para a segunda fase de nossa jornada: encontrar o tal segurança do puteiro. Confesso agora que um sexto sentido tomou conta de Reinaldo. Na hora pareceu a maior estupidez do mundo quando ele virou-se pra mim e disse:

- Meu carro está naquela favela. Tenho certeza que está lá. Vamos entrar na boca que a gente vai achar meu carro.
- Nem fodendo que eu vou entrar naquela boca às duas da manhã.
- Meu carro está lá velho. Tenho certeza. O ladrão teve que empurrar o Fusca porque ele não conseguiu desativar o segredo. Se a gente esperar a polícia eu nunca mais acho esse carro.

- Rei, a combinação Moikano e favela às duas da manhã não rola mesmo.
- Caralho, deixa de ser bicha. Você vai ter que segurar essa fita comigo.
- Puta que pariu. Baiano do caralho, se der merda você tá fodido.

Apesar da imbecilidade declarada da idéia, aceitei. E lá fomos nós para a terceira fase de nossa epopéia. Mal chegamos na boca fomos abordados por um dos seguranças e sua fiel companheira. Já não me lembro da fisionomia do sujeito, mas sua PT 380 cromada reluzia enquanto ele apontava para mim e para o Reinaldo a arma.
- Vocês tão perdidos, boy? Tão querendo o que aqui na minha quebrada?
- Você tem o que aí? - adiantou-se o baiano.
- Não tem porra nenhuma, agora dá área!

Não que o elemento tenha sido convincente em sua retórica, mas o .38 foi. E rapidamente demos meia volta e saímos por uma rua lateral que dava na Avenida Jornalista Roberto Marinho. Nosso andar apressado foi interrompido quando avistamos numas das quebradas da favela um Fusca branco. Apertamos os olhos quando o Reinaldo perguntou:

- Você consegue ver a placa?
- B-R-I 6288.
- Achamos meu carro Moikano! Vamos lá pegar.
- Nem fodendo, Rei. Se o ladrão estiver na área vai sapecar tiro na gente.
- E vamos largar o carro aí?
- Se ele ficou nessa quebrada até agora, não vai sair tão cedo.
- O que gente faz então?
- Vamos atrás duma viatura ou voltamos pra delegacia!
- Fica aqui de olho no carro que eu vou atrás da polícia.

- Você tá maluco, Rei. Fica você de olho nessa porra que eu vou atrás dos gambé.
- Nem por um cacete eu fico aqui sozinho.
-Então a gente deixa essa bosta de carro aí e vamos caçar uma barca.

Numa praça na antiga Avenida das Águas Espraiada encontramos diversos policiais militares. Três viaturas ao redor de uma base comunitária móvel faziam da praça um posto policial improvisado. A conversa entre nós dois e os policias bem que poderia ter saído de um filme.

- Acabamos de fazer um B.O. porque roubaram o Fusca dele.
- E daí?
- E daí que a gente deu uma volta a pé pela favela e encontramos o carro.
- Vocês têm merda na cabeça? - perguntou um sargento.
- Não, mas aquele carro é a minha vida - respondeu o baiano quase irritado

- Onde é que está?
- Numa viela aqui perto!
- Perto da boca de fumo?
- Do lado.
- Entra na viatura, vamos lá pegar esse carro!

Essa já seria a quarta etapa de nossa noite, e uma das mais empolgantes. O curto trajeto entre a praça e a favela teve direito a policias com armas para fora, sirenes a todo o vapor e derrapadas cinematográficas. É imbecil lembrar disso agora, mas fiquei impressionado como deve ser uma merda ser preso: o banco de trás é de plástico e deixou minha bunda doendo. E eu fiquei apenas cinco minutos lá. A chegada ao local não foi menos emocionante. A freada súbita das duas viaturas que se encaminharam ao local afugentou seis elementos que correram para dentro da favela.

Os policiais logo comunicaram o ocorrido pelo rádio e já saíram do carro de arma em punho. Um deles sacou uma escopeta e ficou de prontidão. Uma policial que também estava no local nos tirou do carro e nos posicionou numa área mais segura com área de escape protegida.

- Se tivermos algum problema fujam por essa rua.

Mal a Soldado Ramos terminou de dar suas instruções, nos assustamos com um estouro: um tiro disparado por algum bandido dentro da favela. Outros policiais tentaram nos tranqüilizar:

- É tiro pro alto que eles dão - explicou o sargento que momentos antes tinha ficado interessado na quatidade de matéria fecal que carregávamos na caixa craniana.
- Mas não se preocupem não, eu estou com a "punheteira" – disse outro soldado, referindo-se a sua escopeta e seu sugestivo sistema de engatilhamento.

Passados alguns minutos outra viatura reforçou o efetivo policial com mais dois soldados. Logo a situação se tranqüilizou e os tiros dos bandidos cessaram. Um policial ainda fez uma minuciosa averiguação, antes de nos escoltarem no Fusca de volta ao 96º DP.

O sorriso debochado de Ana Esperidião denunciava que a notícia já havia se espalhado. Pelo rádio nossos amigos da delegacia já sabiam de nossa epopéia e da milagrosa recuperação do Fusca 83 branco.

Fomos heróis naqueles minutos. Investigadores e escrivãos se aglomeravam e pediam detalhes de toda nossa operação amadora de busca e resgate. Os policiais militares envolvidos na operação também relataram os dados técnicos sobre a recepção hostil que tivemos.

As quase duas horas que se seguiram na delegacia para que fosse dada a baixa no caso de furto do Fusca voaram. Conversas sobre a rotina da madrugada na delegacia quebravam o marasmo entre um cigarro e outro. Logo estávamos nos despedindo de todos e indo para casa. De Fusca!

No mais, deixemos que os anos que virão preencham essa história com mentiras e inverdades. Por enquanto, os fatos narrados acima são reais e aconteceram na madrugada do dia 28 de abril de 2004. Ficaram duas lições: aquele Fusca era realmente uma merda e eu nunca mais vou entrar numa favela às duas da manhã.

segunda-feira, junho 13, 2005

Any given sunday

Quase dois anos depois a mesma máxima provou-se verdadeira. No mais improvável dos domingos simplesmente TUDO pareceu estar bem. É estranho pensar que um milhão de conclusões esperaram a noite cair para dar as caras. Foram dois dias totalmente devolutos, mas longe de serem perdidos.

É ainda mais estranho se pensar que dessas últimas horas, quase 120 minutos foram consumidos em uma sala de cinema que exibia um filme de Woddy Allen. Deveria escrever pra ele sobre isso. Seria no mínimo o embrião de um roteiro e tanto. "Any given sunday you can win or you can lose", diria Pacino. I won. Bravo!

Brainstorm time: Jota Quest, papos imbecis, ouvido de penico, papos profundos, aqui tem alguém em quem se pode confiar, "Nunca contente-se em apenas sobreviver", tragédia, comédia. Entre esses dois, nós escolhemos a comédia. Um fim de semana histórico. Só seria mais perfeito se eu morasse em Nova York, e terminasse a noite tomando vinho num bistrô.

sexta-feira, junho 10, 2005

My noisy wishlist

A forma mais cara e divertida de fazer todo mundo no seu prédio odiar você:

01 - Gibson X-plorer Gothic 2002. Corpo e braço em jacarandá. Dois captadores humbuckers (um de 500T outro de 469T), ambos de cerâmica magnética, da Seymour & Duncan. Cordas Ernie Ball 0.11. Potenciômetros de captação independentes. Drool here!

02 - Fender Jaguar 1962. Corpo e braço em jacarandá. Acabamento Olympic White Rosewood. Dois captadores single-coil American Vintage Jaguar. Cordas Dunlop 0.09. Ponte Vintage Style “Floating” Tremolo com contra-porca. Drool here!

03 - Cabeçote Mesa Boogie Road King de quatro válvulas. Gabinete Mesa Boogie 4x12 Road King Slant Front. Drool here!

04 - Boss BR 1600CD Digital Recording Studio. Mesa de gravação com 16 canais independentes. Efeitos embutidos e gravador de CD. Drool here!

05 - Distorção Danelectro Fab Tone. Drool here!

06 - Pedal Wha Wha Dunlop Cry Baby.
Drool here!

07 - Equalizador Boss EQ-20 Advanced Equalizer.
Drool here!

08 - Jogo de sete cabos PJ Monster Cable banhados em ouro.
Drool here!

09 - Caixa com palhetas Gibson Extra-Hard 1.5mm em nylon.
Drool here!

10 - Mãos rápidas. Drool here!

Nota mental: Mãos rápidas eu já tenho. Só faltam nove itens!

Day in, day out

Estou quase um mês atrasado, mas só agora me deu vontade de escrever sobre isso. Não é que eu não tenha pensando antes. Eu pensei sim, e se você ainda está aí em cima (ou embaixo) sabe que eu realmente pensei. Mas só agora tive vontade de escrever.

Mesmo assim não vou ser muito sentimental. Convenhamos, você também nunca foi. Nada de errado nisso, mas só porque você fez o que fez muitos acham que você era sentimental. Cara, você já parou pra pensar que estaria com mais que o dobro da sua idade? Sinceramente pensar nisso me fez sorrir.

Continuo sem entender direito os seus motivos. Na verdade nunca entendi os motivos de ninguém que tira a própria vida. Tá, lá vem você com esse papo de que eu não sei porra nenhuma. Mas hey, não se esqueça você vai ter eternamente 23 anos, por isso eu sei tanto quanto você. Mas não vim aqui discutir seus motivos.

Mas que tremendo mau gosto se matar enquanto assistia desenhos animados na TV. Especular o futuro é realmente inútil. Mas, de coração, me deixa meio deprimido pensar que você poderia estar hoje como o Howie Devoto. Por falar nisso ele tem conversado com você? Foi o que pensei. É típico dele agir dessa forma.

Aqui continua tudo igual. Tony Wilson ainda é um escroto sim e aproveitou os 25 anos da sua morte pra falar um monte de merda. O New Order lançou outro disco. Eu particularmente nunca tive muito saco pra eles. Mas pelo menos eles sempre foram honestos com você, e isso até um pentelho como você tem que admitir.

Agora eu estou ouvindo "Digital". Ainda adoro "Love Will Tear Us Apart", mas sempre foi "Digital" que me lembrou o Joy Division. Provavelmente é culpa do Hermes e aquelas intermináveis madrugadas no Madame Satã na metade da década passada.

Vou ficar por aqui. Acho que não há muito mais a se acrescentar. E como você foi um dos primeiros a ver que era melhor deixar o palco no meio do show, acho que faz seu tipo simplesmente terminar aqui. Vinte cinco anos, cara. Passam num piscar de olhos não?

Você gostava de Shakespeare? Não me lembro mais, mas vou arriscar que sim e terminar como o Horácio se despediu de Hamlet: "Good night, sweet prince."

PS: Mas ainda acho que você deveria ter comido a Lindsey antes de se matar...

Cocktail Trainspotting

Mark Renton ensina: "Morfina, diamorfina, ciclozina, codeína, temazepam, nitrazepam, fenobarbitona, sódio amital, dextropropoxifeno, metadona, nalbufina, petidina, pentazocina, buprenorfina, dextromoramida e clormetiazola. As ruas estão cheias de drogas pra infelicidade ou dor, e a gente tomava todas.

* Nota mental: Tem algo aí para acabar com expectativas? Foi o que pensei. Acho melhor ir dormir. A trilha sonora é "Hateful" do Clash.

quinta-feira, junho 09, 2005

Nada além de cinco minutos

Eu não caio mais nessa. Só vou furar a mão na ponta da mesma faca uma vez. E é assim que depressão vira fúria. "Ah, mas tudo bem se você canalizar essa energia negativa em algo positivo." Sinceramente eu tenho vontade de canalizar isso bem no meio da sua cara. É como se pudesse sentir aos poucos a cartilagem do seu nariz explodindo na minha mão.

E depois eu posso até me acalmar, enquanto você se contorce no chão. Mas na hora esse é o sentimento que predomina: vontade de estragar algo bonito. Mas quem estragou essa merda antes? Eu ou você? Sinceramente não faz diferença. Essa raiva pode durar apenas cinco minutos, mas nada realmente importante dura mais que isso.

E uma vez mais você vai ficar sem minha resposta à sua carta. Não é que não saiba o que dizer, mas simplesmente perdeu o sentido. Talvez seja melhor sem esclarecimentos. Você vai mesmo se sentir melhor pela manhã? Eu creio que não. Em todo caso, bons sonhos.

"Che" Guevara e uma Pepsi

Aviso aos navegantes: o espírito livre é um pássaro aprisionado há tempos. Esperança é a puta que pariu. Isso só leva mais rápido à próxima decepção. O processo criativo de qualquer cérebro mais parece uma burocrática máquina estatal que ficou esquecida nos porões da mansão dos medíocres por tempo demais. E ainda assim você acha que buscar uma frase de efeito no Google vai salvar seu (e talvez o meu) dia. Então foda-se! Cansei de andar com você.

É como escrever uma carta pra si mesmo esperando que alguém intercepte o envelope no caminho e entenda que aquela página em branco tem algum significado além de nossas próprias vidas. E você ainda me diz: "Ah, mas o Gabriel é diferente." É diferente mesmo? Quem sabe quando eu tiver 40 anos, dois filhos e uma conta bancária como a dele eu pense de outra forma. Por enquanto continuo achando que todos estão num mar de merda.

Então dou mais valor ao Luciano. É um tremendo maconheiro, sim, mas nunca me ofereceu carona quando estava chapado, nem fica pedindo uma bola com um sorriso indigente e indigesto. A batida parece sempre a mesma, mas é honesto e paga o próprio vício. Será que é pedir demais um pouco de sinceridade e honestidade no que se faz? Pelo jeito é. Então contiue procurando quem banque seu estilo de vida. Como se uma criança de 3 anos realmente justificasse os gastos.

Dúvido que tudo acabe bem. Acho isso tão improvável quanto um futuro ginecologista topar com "Che" Guevara em Montevidéo e tentar intimidá-lo por estar tomando uma Pepsi. Mas isso aconteceu e no mínimo nos prova que o improvável não é impossível. Três décadas. Cabe muita coisa nesse tempo. Pena que você não soube aproveitar. Então volte para o sofá e faça todo mundo acreditar que é realmente divertido ficar perdido num domingo à noite.

Mas eu conheço sua resposta: eu deveria ter escolhido diferente. Como se ficar num hotel 5 estrelas em Brasília fosse realmente o tipo de coisa que completaria meu dia. Como se fosse garantido não pegar HPV na banheira de um lugar assim. Eu passei tanto tempo por aqui e agora você sequer consegue lembrar o meu nome. Parabéns, foi um grande exemplo o que você me deu. Não esqueça sua seringa. Boa sorte, boa morte!

segunda-feira, junho 06, 2005

Um tempo pra pensar

Há 10 anos eu estava...
...no segundo colegial
...tocando guitarra 24h por dia
...pensando que a vida só começaria após a escola

Há 8 anos eu estava...
...no cursinho
...de coração partido
...concluindo que 1997 não deveria ter existido

Há 5 anos eu estava...
...na faculdade
...trabalhando pra caralho
...me sentindo jovem e poderoso como nunca

Há 1 ano eu estava...
...no trabalho
...trabalhando pra caralho
...sentindo que a vida pode simplesmente acabar

Há 10 minutos eu estava...
...no trabalho
...trabalhando pra caralho
...concluindo que 2005 não deveria ter existido

Em 10 anos eu estarei...
...no trabalho
...trabalhando pra caralho
...pensando em pára-quedas que não abrem

domingo, junho 05, 2005

Dame la fuerza para seguir, amor

"Senhores passageiro abaixem a trava e boa viagem. Vai começar sua aventura pela montanha-russa de emoções." Todo dia tem sido assim. Parece que tá tudo bem, parece que tá tudo mal. Alguém aí traduz o que eu quero dizer de verdade?

Que poder do mal tem aquele lugar. Sabadão de sol, tudo tranqüilo apesar de estar indo trabalhar. Nos ouvidos um apelo de Marcelo Corvalán: "Dame la fuerza para seguir, amor. Buscando señales que muestren donde hay felicidad". Caralho, parece que esse pedido é meu. Um milhão de planos, idéias e estratégias na cabeça. Quase tudo desconexo, irreal e basicamente irracional. Caverna do Dragão! Foi pisar naquele prédio que tudo virou merda.

Alegria, concentração, depressão, tristeza, distração. E lá vamos nós começar tudo de novo. Muito trabalho e daqueles bem chatos. Boas novas de Porto Alegre. Finalmente alguém que preste naquela terra. Convite para ver White Stripes. Apenas disse "não", mas deveria ter dito: "Com você? Nem por um caralho!". Acabou (por hoje). Uma noite inteira pela frente. Opa, seria isso esperança? Nem tanto, nem tanto!

Tudo pra ser bacana. Conversas novas com amigos antigos. Mr. Black e suas "BBC Sessions" de trilha. Tudo (aparentemente) bem. Ela sabia que não. Estava bêbada como nunca, consciente como sempre. Um abraço às vezes salva uma vida. Ou seria apenas um band aid num buraco de bala? Na hora serviu, mas achei que tinha algo de pena no olhar dela! Deve estar na merda também.

O que estou fazendo com meu corpo? Dormindo pouco, fumando muito, comendo mal e bebendo bem. O motim de ontem virou insurgência. Movimento organizado com apoio das classes populares que ultrapassou fronteiras. As lideranças guerrilheiras não querem mais acordo. Querem o poder! Chega de brincadeira, é hora de botar os militares pra trabalhar. Opressão, repressão. Democracia biológica é isso.

Alguém aí me inventa um motivo pra acordar?

It's been a hard day's night

Fatos, vamos aos fatos. "Cronologicamente, por favor, senhores", diria aquela múmia acadêmica:

* Trabalho chato! Ouvir lançamentos por obrigação. Queens Of The Stone Age - 6,5 (fui cruel, eu sei). Coldplay - 7,0 (não enche, fui generoso pra caralho). White Stripes - 7,0 (porra, odeio ter que dar uma nota boa pra eles). Gorillaz - 5,5 (farofa demais, sai daqui). Oasis - 5,0 (hey, os anos 90 acabaram). Strokes - 10,0 (eu sei, o disco nem foi gravado ainda, mas o Andy Wallace vai mixar). Ok, pela manhã vou me arrepender da maioria das notas.

* Gargalhadas improváveis com Marcelo. Emérito bebedor de álcool, como o carrão do Vincent. Mais de três décadas de canalhices simpáticas. É o tipo de cara que poderia engravidar minha irmã virgem, fugir no dia do casamento, aparecer seis meses depois com um bordel, e ainda acharia esse sujeito divertido. Me fez sair da redação cantando "Always look on the bright side of life..."

* Surpresa agradável quando estava quase indo embora.

* Saia justíssima ao entrar no bar. Preciso aprender a sair dessas roubadas...

* Cerveja, cerveja, cigarro, cigarro, conversa, risadas, sinceridade fraternal, confissões, revelações, conforto, mais risadas, nostalgia, histórias, lorotas, cerveja e cigarro. E novamente a mesma surpresa agradável. Baladas com o Tiago sempre são foda, mesmo que o cenário seja um posto de gasolina ou uma cozinha.

* Rebeldia. A gripe não aprovou minha mistura de cerveja e cigarro e começa a liderar um motim no meu pulmão. Vai fundo, é pra isso que tenho dois desse.

* A lição do dia é: Não vou chegar vivo ao fim da vida!

* Trilha sonora: fiquei dividido entre os acordes do contra-baixo de "Epiphany" e os berros de Dave. Sorry, Jay. Prefiro terminar a noite gritando com o Dave. "For I am the King and sure long may I reign". So long!

sábado, junho 04, 2005

Acho que não há nada a fazer

"Ontem ela me abraçou de uma forma como nunca havia feito antes". Ele me disse isso no estacionamento, mas eu só consegui pensar direito na frase horas depois. Não cheguei a uma conclusão definitiva. Talvez o abraço dela tenha sido uma forma de voltar ao passado, de retornar a um tempo em que tudo realmente parecia estar em paz. Não tenho como censurá-la. Tenho feito isso o tempo todo.

Não mudo um passo sequer em certos trajetos rotineiros, apenas para me lembrar de uma época em que isso significava vê-la. Atravesso a rua no mesmo trecho sempre. Fora da faixa, me arriscando entre um sinal vermelho e outro amarelo. Cruzo a frente do ponto de ônibus sempre contornando a árvore pela direita. Em outra determinada esquina pego um cigarro para acendê-lo 50 metros à frente.

E quando finalmente chego nos últimos 30 metros observo todos os carros estacionados. Sei que não vai estar lá, e por isso não fico tão triste. Mas quem sabe um dia ela esteja.

Eu realmente entendo o que Nikola quis dizer sobre "todo mundo estar feliz como se compartilhassem alguma coisa que eu não sinto há anos". Mas o resto ficou meio confuso pra mim. Não faz tanto sentido e parece exagerado até. Por isso não me atrevo a discutir com ele sobre isso, ainda. Preciso me aprofundar no assunto antes de arriscar um palpite. De certa forma, estou intimidado. Mas não influenciado.

Por outro lado, isso me fez descobrir que sei algo sobre frustração. Parece estupidez, mas é como eu me sinto em relação a Mick Jones. Queria sentir o que ele sentiu quando escreveu "Stay Free". Queria saber como foi o sorriso ao qual ele se refere. Mas no momento só consigo entender Joe Strummer e "Train in Vain". Principalmente quando ele diz que acha que não há mais nada a fazer...

"Eu", mas justo hoje?

Mãe: Alô? Filho?
Eu: Oi, mãe.
Mãe: Tudo bem, querido?
Eu: Tudo. E você, mãe?
Mãe: Tudo. Comprei um presente pra você?
Eu: O que?
Mãe: A edição ampliada que a Bertrand lançou do "Eu"
Eu: Augusto dos Anjos?
Mãe: É
Eu: Ah.
Mãe:...
Eu: Er... obrigado, mãe.

* Nota mental: Sabe o sexto sentido materno? Acho que minha mãe faltou a essa aula. Augusto dos Anjos? Hoje? A seringa de heroína oriental vem junto ou eu recebo depois?

sexta-feira, junho 03, 2005

Boa noite, durma bem

"Ser protagonista em minha própria vida". Esse pensamento ecoa na minha cabeça há séculos, e voltou com mais força nos últimos dias. Não que eu me permita ou realmente veja a vida em si como um filme, uma peça de teatro, ou uma obra de ficção. Mas tomar as rédeas de tudo sempre foi uma vontade minha. Talvez até uma necessidade. Simplesmente por estar no controle, mesmo que estar no controle signifique sair da estrada, atropelar uma cerca e avançar desvairadamente através de um campo irregular.

Isso entra totalmente em conflito com algo que ouvi faz tempo. "Vida é aquilo que acontece quando seus planos não dão certo". Que ótimo, um ditado que serve a Deus e ao Diabo. É agonizante estar vivo demais para não perceber que estou me afogando e cansado demais para tentar nadar mais um pouco. Mas, se ainda me cabe um pouco de otimismo, estou vivo. E se a confusão ainda é forte, o desespero parece realmente estar morrendo.

Talvez seja hora de reagir, e nadar até a costa. Por mais que o destino mais próximo realmente pareça ser uma ilha deserta, é hora de voltar a dormir. É hora de enfrentar esse monstro que corrói e se alimenta das minhas entranhas. E se eu sei que é impossível matá-lo, é hora de colocá-lo para dormir. Então, ouça isso que te digo: boa noite, durma bem. Só acorde quando tivermos crescido.

quinta-feira, junho 02, 2005

Paixão, amor e vida

Outro dia eu ouvi a melhor definição sobre estar apaixonado. "É quando você não consegue ingerir nada mais calórico do que fumaça de cigarro". Ela não podia estar mais certa. Quando ouvi essa frase me deu vontade de conhecer aquela moça só pra poder concordar publicamente. Apertar-lhe as mãos e dizer que ela estava certa. Ela disse isso para uma amiga, e me parece bem capaz que não tenha nem notado que eu também estivesse no elevador, ouvindo aquela conversa.

O bom humor e felicidade aparente, estampados em seu rosto, mostravam, porém, que ela não fazia idéia do que estava falando. Foram apenas 12 andares num elevador expresso, mas pareceu uma eternidade. Eu precisava ter feito algo a respeito. Ou ter concordado e gritar pra todo mundo tomar cuidado com isso. Ou no mínimo explicar que isso é uma definição muito simplista de tudo. Nicholas insiste que paixão tem a ver com algo nas entranhas. Passa longe do coração, da cabeça ou mesmo da virilha. Ele também está certo. Talvez ele a moça do elevador devessem se conhecer.

Pra mim apaixonar-se está diretamente ligado a prioridades e memória. As prioridades mudam, das mais simples às mais complexas. E você simplesmente perde a memória. Olho para os meus braços e já não sei o que aquelas cicatrizes significam. Que história cada uma delas guarda. Mas isso também não importa agora. Elas não são prioridades. Não digo que alguém vai esquecer o nome da própria mãe. Acho que ninguém (minimamente saudável) esquece esse tipo de coisa. Mas eu bem que me vejo esquecendo qual ônibus me leva pra casa.

E assim dá pra sacar que paixão e amor tem tudo a ver com vida, mas nada a ver com saúde. Em 27 anos, absolutamente tudo que me fez sentir vivo foi exatamente o que mais me afastou da vida. As melhores comidas vão entupir meu coração. As melhores músicas vão destruir meus ouvidos. E o puro amor só vai estar plenamente no ar quando o féretro me levar a uma cova rasa.


Ou não...

The 25th Hour Monologue

Yeah, fuck you, too.

Fuck me? Fuck you.

Fuck you and this whole city and everyone in it.

No, no, no, no, no.

Fuck the panhandlers grubbing for money, smiling at me behind my back.

Fuck the squeegee men dirtying up the clean windshield of my car. Get a fucking job.

Fuck the Sikhs and the Pakistanis bombing down the avenues in decrepit cabs, curry steaming out their pores, stinking up my day. Terrorists in fucking training. Slow the fuck down! ...getting one of those operations that elongate your penis.

Fuck the Chelsea Boys with their waxed chests and pumped-up biceps, going down on each other in my parks and on my piers, jiggling their dicks on my Channel 35!

Fuck the Korean grocers with their pyramids of overpriced fruit and their tulips and roses wrapped in plastic. Ten years in the country, still no speak English.

Fuck the Russians in Brighton Beach. Mobster thugs sitting in cafes, sipping tea in little glasses, sugar cubes between their teeth, wheelin' and dealin' and schemin'. Go back where you fucking came from.

Fuck the black-hatted Hasidim strolling up and down 47th Street in their dirty gabardine with their dandruff, selling South African apartheid diamonds. Come on. Your wife deserves this.

Fuck the Wall Street brokers. Self-styled masters of the universe. Michael Douglas-Gordon Gekko wannabe motherfuckers figuring out new ways to rob hardworking people blind. Send those Enron assholes to jail for fucking life. You think Bush and Cheney didn't know about that shit? Give me a fucking break. Worldcom.

Fuck the Puerto Ricans. Twenty to a car, swelling up the welfare rolls. Worst fucking parade in the city.

And don't even get me started on the Dominicans, 'cause they make the Puerto Ricans look good.

Fuck the Bensonhurst ltalians with their pomaded hair, their nylon warm-up suits, their St. Anthony medallions, swinging their Jason Giambi Louisville Slugger baseball bats trying to audition for "The Sopranos."

Fuck the Upper East Side wives with their Hermes scarves and their $50 Balducci artichoke. Overfed faces getting pulled and lifted and stretched all taut and shiny. You're not fooling anybody, sweetheart.

Fuck the Uptown brothers. They never pass the ball, they don't want to play defense, they take five steps on every layup to the hoop, and then they want to turn around and blame everything on the white man. Slavery ended 137 years ago. Move the fuck on.

Fuck the corrupt cops with their anus-violating plungers and their 41 shots, standing behind a blue wall of silence. You betray our trust!

Fuck the priests who put their hands down some innocent child's pants. Fuck the church that protects them, delivering us into evil.

And while you're at it, fuck J.C. He got off easy: a day on the cross, a weekend in hell, and all the hallelujahs of the legioned angels for eternity Try seven years in fucking Otisville, J.

Fuck Osama bin Laden, Al Qaeda, and backward-ass cave-dwelling fundamentalist assholes everywhere. On the names of innocent thousands murdered, I pray you spend the rest of eternity with your 72 whores roasting in a jet-fuel fire in hell. You towel-headed camel jockeys can kiss my royal lrish ass.

Fuck Jacob Elinsky. Whining malcontent.

Fuck Francis Xavier Slaughtery, my best friend, judging me while he stares at my girlfriend's ass.

Fuck Naturelle Riviera. I gave her my trust, and she stabbed me in the back. Sold me up the river. Fucking bitch.

Fuck my father with his endless grief, standing behind that bar, sipping on club soda, selling whiskey to firemen and cheering the Bronx Bombers.

Fuck this whole city and everyone in it, from the row houses of Astoria to the penthouses on Park Avenue, from the projects in the Bronx to the lofts in Soho, from the tenements in Alphabet City, to the brownstones in Park Slope, to the split-levels in Staten lsland, Iet an earthquake crumble it, let the fires rage, Iet it burn to fucking ash, and then let the waters rise and submerge this whole rat-infested place.

No. No. Fuck you, Montgomery Brogan.

You had it all, and you threw it away, you dumb fuck!

Se fosse só um sonho

Hoje eu sonhei com o futuro. Não foi um sonho comum no qual a gente enxerga uma situação que nunca aconteceu. Não. Se fosse só isso, seria apenas um sonho. Mas o meu foi sobre o futuro, e quem eu seria.

Não lembro das situações, mas lembro dos sentimentos e eu me sentia perdido, totalmente perdido. Como se estivesse preso numa máquina do tempo que me deixaria sempre do mesmo jeito. Fadado a vagar por aí como um personagem patético de 40 anos de qualquer escritor de terceira classe. Um boçal que não cresceu, e ainda ouve Nirvana. Uma versão futurista de algum hippie que paira por aí esperando Woodstock acontecer.

Era um futuro sem perspectivas. Uma realidade tão cruel que me fez rezar pra que minha personalidade fosse tão medíocre quanto meu futuro. Se isso significaria não enxergar o mar de lama no qual eu estaria atolado, então eu queria ser assim: cego e pretensamente feliz. Que se fodam os problemas reais dos outros. Eu quero saber de resolver os meus. Acima de tudo, "a ignorância é uma benção". É mesmo, Douglas?

Como meus grandes feitos podem ter ficado tão distantes? Não pensei isso no sonho. Pensei depois, quando acordei. Não dá pra considerar um pesadelo. Pesadelo é aquele que faz você ter medo, e acordar assustado. Esse não me deu medo, apenas me fez acordar preocupado. Como meus grandes feitos podem ter ficado tão distantes? Como é possível perder a base de tudo em segundos?

Outro dia eu soube que pintaram uma suástica no Monumento ao Holocausto na Alemanha. Não pegaram o grafiteiro, mas algo me diz que a intervenção não foi obra de um grande líder da ideologia neonazista. Pra mim foi um pirralho de 13 anos que não sabe que caralhos significa aquela cruz. E isso me fez acreditar que no mínimo esse garoto tem senso de humor. Mas alguém pode avisá-lo que sua vida acabou? Seu momento mais brilhante e divertido ficou pra trás. Então, mate-se e tente gritar "Deutschland Über Alles", e quem sabe você conseguirá um segundo grande feito.

Começo a invejar quem viveu na idade média. Com uma expectativa de vida de 30 anos, as pessoas não eram obrigadas a vagar décadas afundando-se ainda mais no mar de mediocridade que me espera. Eu não acredito que alguém com menos de dez anos - ainda mais morando num feudo - tenha conseguido alcançar seu momento máximo e então se viu obrigado a viver mais duas décadas sem nada pra fazer.

Mas eu vou seguir em frente não é? É isso que pessoas fazem. Tomam na cabeça e seguem em frente. É como um cara sofrendo de depressão que simplesmente não sabe se seria boa idéia ler a biografia de um suicida. O herói nunca morre no final? Ou o final sem o herói não importa? É a mesma coisa com o cara que se mata. Ele perde o final do filme, ou o rolo acaba quando os miolos dele começam a decorar a parede?

Aquele velho, Red, estava certo sim: esperança é algo muito perigoso. Mas foi assim que eu fui feito. Quando eu morrer (seja no fim do filme ou não) vou fazer essa sugestão a Deus: mais dignidade e menos esperança. Falo com a falta de propriedade de quem viveu pouco pra saber, mas muito pra ignorar. Às vezes, estar vivo é uma merda. Mas eu vou seguir em frente não é? Cantando como o Marcelo: "Nada de chá, nada de café, eu quero é um gole de amor e esperança". Mas eu trocaria por uma pitada de dignidade.

quarta-feira, junho 01, 2005

Escuta essa...

Três músicas que HOJE me fariam chorar (like a baby):
01) "Here Today" - Beach Boys
02) "Love Will Tear us Apart" - Joy Division
03) "Flowers By The Door" - TSOL

Três musicas que HOJE me fariam rolar escada abaixo:
01) "The Day After Tomorrow" - Tom Waits
02) "Hold Me" - Weezer
03) "Where Did You Sleep Last Night" - Nirvana

Três músicas que HOJE me fariam chutar uma idosa escada abaixo:
01) "Snot" - Snot
02) "Wish" - Nine Inch Nails
03) "Dance and Dense Denso" - Molotov

Três músicas que HOJE me fariam levantar e começar tudo de novo:
01) "Black Friday Rule" - Flogging Molly
02) "Leavin'" - Mad Caddies
03) "It's Gonna Be Alright" - Ramones

I really, really need to... v 1.0

...comprar cordas Ernie Ball 0.10 pro violão
(Não comprei, tá muito caro.)

...limpar os trastes da Jackson
(Não limpei, e ainda guardei pra não ver como ela tá suja.)

...preparar a pauta da entrevista com o Yuka
(Preparei, mas a entrevista caiu. Fuck!)

...organizar minhas finanças
(Hahaha, você tá de sacanagem né?)

...me concentrar no trabalho
(Tá devagar, mas tá indo!)

...parar de dormir com o celular na mão
(Impossível, por enquanto.)

...voltar a comer direito
(Hahaha, você tá de sacanagem né? - parte 2)

...fumar menos
(Consegui, mas por causa da gripe. Não conta né?)

...melhorar dessa puta febre
(Ontem tava nota 0. Hoje tô nota 3.)

...parar de ouvir "Hold Me" do Weezer
(Em vez dessa, passei a ouvir "Farewell My Hell" do Millencolin. Bad idea!)

Hora de parafrasear Cobain novamente: I hate myself and I wanna die

No cardiologista

Dr. Daniel: Você perdeu bastante peso. Mas tá ok!
Eu: Hummm. (Sua balança deve estar quebrada. Ainda sinto o mundo nas minhas costas!)
Dr. Daniel: O ecocardiograma tá ok!
Eu: Hummm. (Sério? Eu não sabia que ainda tinha um coração aqui.)
Dr. Daniel: Você vai fazer outro exame de sangue.
Eu: Hummm. (Se ainda tiver sobrado alguma gota.)

Nota mental: Existe médico pra alma? O que? Religião? Hummm. Não obrigado!